Almas de Pedra - Diálogo de um novo/velho mundo


















Almas de Pedra - Diálogo de um novo/velho mundo
Precedentes: um olhar para o que fizemos...

Dentro das ações do Núcleo Teatral Opereta está a busca constante de aproximação com algumas questões que são recorrentes. As instâncias de poder, e as relações entre essas diferentes instâncias, as questões e conflitos entre estado e individuo são assuntos que fazem parte de nossas reflexões sobre o país. Em trabalhos anteriores do grupo, como Santa Joana-Título Provisório , espetáculo de rua, apresentamos um olhar ácido sobre as questões sobre os heróis e sua necessidade, dentro do funcionamento da sociedade. Em “O Papagaiato” buscamos um olhar um pouco para as relações de pequeno poder e exploração entre freqüentadores de uma praça, adivinhos, prestidigitadores e artistas de rua, buscando sobreviver a custa de expedientes politicamente incorretos mas aceitáveis dentro da situação social que lhes são impostas por um sistema desigual. Em Palhaços, de Timotchenko Webi, jogamos mais uma vez com as diferenças entre indivíduos da mesma classe, um palhaço de circo e um vendedor de sapatos.O primeiro , o desajustado socialmente, questiona e desestabiliza as certezas e aspirações ao futuro do segundo, trazendo novas perspectivas de olhar.





Uma rubrica:


( Durante esse tempo, pesquisávamos alguns acontecimentos históricos, situações e epocas da história do nosso país em que foram deflagrados conflitos entre determinadas comunidades e instâncias de poder opressoras ,embates de forças que culminaram em situações em supressão de direitos ou até mortes .
Chegamos a Canudos, a guerra do contestado, revoluções diversas e levantes, buscávamos descobrir quem eram os mortos e feridos desses embates, e talvez através disso encontrar quem são nossos mortos.Foram feitas algumas tentativas...mas o material não foi posto em movimento)





Onde chegamos...

Tempo depois, encontramos na obra de Jorge Andrade, autor que dedica sua obra, entre outros aspectos a uma profunda revisão da nossa história, muitas vezes com olhar de dimensões quase trágicas, material que dialoga profundamente com nossas inquietações. Em Pedreira das Almas, encontramos algo que nos move: essa reflexão sobre nossa passagem pelo mundo, a efemeridade da vida , o legado da morte, dimensões metafísicas, são contrastadas com um olhar materialista, calcado na observação dos agentes sociais. Nesse contexto, os conflitos entre os indivíduos e instituições seculares como a igreja e o estado servem de material para a atualização de nossos questionamentos.
Quem são nossos mortos? Quais assuntos estão enterrados em nossa memória coletiva? Um dos objetivos é, a partir de nossas pesquisas, que abrangem a busca de elementos e procedimentos que revelem a potencialidade que o conflito entre o velho e o novo possam suscitar, dentro de uma perspectiva historicizada, o que pode levar a uma necessidade de utilizar-se de outras formas teatrais que extrapolem a forma dramática na qual a peça foi originalmente escrita, e que no contexto temporal do autor, davam conta de sua complexidade.